Pica-Pau

Pica-Pau
Antigo Novo
Personagem principal de Walter Lantz.
Dados ficcionais
Nome completo	Woody Woodpecker (No original)
Amigo(a)(s)	Andy Panda (ás vezes), Picolino (ás vezes), Inspetor Willoughby
Inimigo(a)(s)	Zeca Urubu, Leôncio, Meany Ranheta
Informações cinematográficas
Dublador(es)	EUA: Mel Blanc 1940-1941 Danny Webb 1941-1942 Kent Rogers 1942-1943 Ben Hardaway 1944-1949 Grace Stafford 1950-1972 Billy West 1999-2002 Eric Bauza 2017- Brasil: Luis Manuel 196?-19?? Olney Cazarré 1968-1969, 1984-1985 Garcia Júnior 1977-1979 Marco Antônio Costa 1999-2002 Sérgio Stern 2017-2022 Claudio Galvan 2024-
Primeira aparição	O Pica-Pau Ataca Novamente, 1940
Última aparição	Pica-Pau: As Férias no Acampamento, 2024 (Até o momento)
Ano de criação	1940
Criador	Walter Lantz

O Pica-Pau (anteriormente chamado de Berimbau ou Údi-Údi Pica-Pau) é um personagem de desenho animado criado em 1940 pelo desenhista e produtor Walter Lantz e pelo artista Ben Hardaway. Um pica-pau antropomórfico, o personagem foi baseado em diferentes espécies de pica-pau estadunidenses.

O Pica-Pau apareceu em curtas animados produzidos no estúdio de Lantz a partir de 1940 e distribuídos pela Universal Pictures. Inicialmente exibido em salas de cinema, o personagem ganhou um programa de TV em 1957, exibido na ABC e posteriormente na NBC.

O desenho e a personalidade do Pica-Pau mudaram bastante durante os 73 anos em que foi exibido. Um pássaro grande e insano, agressivo e com um desenho extravagante e muito colorido no início gradativamente se tornou menor, com desenho mais refinado e de caráter mais amigável. Mel Blanc foi o primeiro dublador do personagem em inglês, e também foi o responsável por criar a icônica gargalhada do Pica-Pau. No Brasil três dubladores deram voz ao pássaro na versão clássica: Luís Manuel (década de 1960, dublagem praticamente sem registros restantes), Olney Cazarré (1968-69, 1984-85) e Garcia Júnior (1977-79).

Um remake do show original do Pica-Pau foi produzido de 1999 a 2002 pela Universal Cartoon Studios. O show traz de volta personagens da série original, como Leôncio, Meany Ranheta, Zeca Urubu e o próprio Pica-Pau e também novos personagens.

O Pica-Pau foi exibido no Brasil em diversas emissoras intermitentemente; atualmente vai ao ar na Rede Record nos fins de semana. O personagem mantem-se até hoje muito popular no país, com trechos e frases de seus episódios fazendo parte da cultura popular e tendo interesse renovado recentemente por causa da internet.

Antes de receber um nome oficial no Brasil, muitas adaptações de quadrinhos adaptaram o nome do personagem para Berimbau, Údi-Údi Pica-Pau até chegar no nome Pica-Pau, que devido ao nome da Paulina ser mais tarde mudado para Winnie no Brasil como se fosse seu nome verdadeiro, muitos fãs teorizam que seu nome verdadeiro pode ser Woody, mas nada foi confirmado oficialmente, já que ele sempre foi referido como "Pica-Pau" na dublagem brasileira.

Histórico

Concepção e criação

Walter Lantz havia criado para a Universal Pictures vários curtas de sucesso, como os de Oswald, o coelho sortudo (criação de Walt Disney no qual a Universal possuía os Direitos Autorais), e ourtos. Porém, os estúdios de Walter Lantz não tinham um personagem que fosse a sua estrela principal, assim como a Disney possuía o Mickey. Afinal, a popularidade de Oswald estava baixando. Então, ocorreram vários e vários testes de personagens, e o que mais deu certo foi o Andy Panda (criado por Lantz inspirado em uma notícia no jornal), que estreou em 1939 no cutra Andy Panda entra numa fria. Assim, os dias foram passando e, segundo Lantz, quando casou-se com a atriz Grace Sttaford, durante a lua-de-mel do casal na cidade de Lake Sherwood, California, um pica-pau supostamente os manteve constantemente acordados picando o telhado incessantemente. Grace supostamente sugeriu que Walter usasse a situação como inspiração para um novo personagem. (Porém, Pica-Pau surgiu em 1940, e Lantz e Grace se casaram somente em 1941, gerando assim uma inconsistência nesta história contada por Lantz.) Lantz supostamente duvidava do sucesso de tal criação, mas produziu o novo personagem mesmo assim, estreando-o no desenho do Andy Panda O Pica-Pau Ataca Novamente, com roteiro escrito por Ben Hardaway e com a voz do Pica-Pau feita pelo dublador Mel Blanc.

A audiência aprovou o novo personagem, então Lantz resolveu tornar o pássaro um astro, estrelando seus próprios curtas ao invés de apenas participar de curtas do Andy Panda. Blanc continuou dublando o pássaro por mais dois episódios e depois deixou o estúdio de Lantz para assinar um contrato de exclusividade com a Warner, onde ganharia fama. Outros nomes como Danny Weeb e Kent Rogers assumiram a dublagem do personagem; Lantz entretanto continuaria reutilizando a gargalhada gravada por Blanc mesmo depois dele ter saído da produção. O Pica-Pau foi um grande sucesso durante a Segunda Guerra Mundial, sendo indicado a seu primeiro Oscar de Melhor Curta em 1944 pelo episódio O Acrobata Maluco.

Primeiros episódios

O Pica-Pau nos episódios Pânico na Cozinha, de 1941 (à esquerda), e O Barbeiro de Sevilha, de 1944.

Os dez primeiros episódios do Pica-Pau apresentavam o personagem como um pássaro insano e perigoso, com desenho excêntrico e muito colorido - um "mal necessário", como ele diz no episódio O Afanador de Gasolina. Lantz recebeu desde o início críticas pela aparência do personagem, e começou a fazer mudanças simples, como a adição de luvas no episódio O Afanador de Gasolina, para que o pássaro se parecesse mais com outros protagonistas de desenhos animados da época, como Mickey Mouse e Pernalonga. No décimo episódio produzido, O Barbeiro de Sevilha, o Pica-Pau ganhou um desenho totalmente novo, mais simplificado e sofisticado - cortesia do animador veterano Emery Hawkins e do diretor de arte Art Heinemann. O episódio seguinte, O Doido da Praia, apresentaria o primeiro grande inimigo do Pica-Pau: Leôncio. Mudanças na direção dos episódios também acabaram por suplantar boa parte do caráter amalucado do pássaro, e o Pica-Pau passou a ser um sujeito amistoso e que só reage quando tem uma razão legítima. Lantz não teve seu contrato renovado com a Universal em 1947, e o artista passou a lançar os curtas do Pica-Pau através da United Artists. Ao todo foram seis produções lançadas sob a UA, entre 1948 e 1949.

Mel Blanc, o criador da gargalhada do Pica-Pau e seu primeiro dublador.

Fechamento dos estúdios Lantz e contrato com a Universal

A United Artists enfrentou problemas financeiros durante o final da década de 1940, obrigando Lantz a fechar seu estúdio no fim de 1948. O episódio Delícia Gelada foi o único lançado em 1949, apenas por já ter sido finalizado antes do fechamento. Lantz posteriormente reabriu seu estúdio em 1950, ano em que trabalhou no filme Destination Moon, que apresentava um segmento onde o Pica-Pau explicava a propulsão dos foguetes. O filme foi o primeiro lançamento onde Grace Sttaford dublou o Pica-Pau, inclusive a gargalhada do personagem. E o filme ainda paresentou um novo visual para o Pica-Pau, desenhado pala animadora Laverne Harding, que fez um Pica-Pau menor e com o topete inclinado para a frente.

A participação do Pica-Pau no filme A Conquista da Lua, de 1950, foi o primeiro trabalho de Grace Sttaford como dubladora do pássaro.

Lantz acabou assinando um novo contrato com a Universal ainda em 1950, e passou a produzir e dirigir mais curtas do Pica-Pau. Os episódios lançados no início da década de 50 tinham pouco diálogo entre os personagens, apesar do Pica-Pau já ter uma nova dubladora. Em 1953 Don Patterson tornou-se o novo diretor do desenho. Uma mudança feita durante a década foi a alteração dos olhos do personagem, que passaram de uma íris combinando verde e preto para simples pontos escuros em cada olho. Com o passar do tempo a animação dos episódios tornou-se mais simples devido a limitações orçamentárias, porém a qualidade dos desenhos manteve-se e a década viu o surgimento de memoráveis personagens como Zé Jacaré e Meany Ranheta.

O Show do Pica-Pau

A criação do Show do Pica-Pau em 1957 garantiu a continuidade do desenho.

A era dos desenhos animados na televisão já tinha chegado em 1957 e Walter Lantz era um dos únicos produtores que ainda lançava seus curtas diretamente para exibição em cinemas. Devido a problemas financeiros cada vez maiores, Lantz aceitou a proposta da ABC de criar um programa para seu personagem mais famoso: em 1957 foi ao ar o primeiro episódio de O Show do Pica-Pau. O programa era exibido semanalmente e durava cerca de trinta minutos, sendo composto por curtas do pássaro intercalados por sequências de live-action onde o próprio Lantz mostrava etapas da produção de um episódio do programa. Lantz teve que se adaptar às estritas regras contra violência impostas pela televisão, o que significou uma mudança na personalidade do Pica-Pau, que se tornou de vez um bom sujeito, sério e que tentava fazer o bem.

O programa esteve no ar por sindicação até 1966. Depois disso, Lantz continuou a lançar episódios para exibição em cinemas até 1970, quando o Show do Pica-Pau voltou ao ar na NBC até 1972, ano em que Walter Lantz fechou definitivamente seu estúdio devido ao constante aumento dos custos de produção. O último episódio inédito exibido, Adeus às Aulas, foi ao ar em setembro de 1972. Reexibições dos episódios recentes e também de outros mais antigos (como das décadas de 1940 e 1950) foram comuns durante os anos 70 e emissoras locais continuaram a reprisar o show por muitos anos. Lantz vendeu toda a sua biblioteca de desenhos do Pica-Pau para a Universal em 1985.

A Universal lançou uma versão repaginada do programa a partir de 1987. O novo formato consistia em curtas do Pica-Pau e também de outros personagens de Walter Lantz, como Picolino, Inspetor Willoughby e A Família Urso. Esta nova versão esteve no ar até 1997, quando a Cartoon Network adquiriu os direitos de reexibição do programa até o ano seguinte, quando a exibição foi cancelada. Depois disso, a Universal resolvou lançar uma versão renovada do programa, e o resultado foi O Novo Show do Pica-Pau, que foi ao ar de 1999 a 2002 na Fox Kids.

Dublagem

Voz original

Após o episódio Apólice Cobertor, que estreou em 1948 e usou a gargalhada de Mel Blanc, ter sido indicado ao Oscar por Melhor Canção Original (o primeiro e único curta a ser indicado na categoria até hoje), Mel Blanc resolveu processar Lantz por uso indevido de sua voz, mais especificamente, da risada que o ator gravou em 1941. A corte julgou Lantz inocente, afirmando que Mel Blanc não tinha estabelecido corretamente direitos sobre sua voz ou contribuições nas produções de Lantz. Apesar de ter ganhado a causa, Walter Lantz ofereceu um acordo financeiro a Blanc, prometeu parar de utilizar a gargalhada do dublador e resolveu procurar uma nova voz para o Pica-Pau.

Segundo Lantz, audições anônimas para o novo dublador do pássaro foram feitas em 1950. Grace, esposa de Walter, se ofereceu para fazer a voz do Pica-Pau; porém Lantz a rejeitou pelo fato do Pica-Pau ser um personagem masculino. Sem se deixar desencorajar, Grace supostamente gravou mesmo assim uma fita de audição e a submeteu para análise. Sem saber de quem era aquela fita, Lantz escolheu a voz de sua esposa para seu personagem. Inicialmente Grace não quis que seu nome fosse creditado nos episódios, pois temia que a audiência masculina do desenho se decepcionasse ao saber que o Pica-Pau era dublado por uma mulher. Apenas a partir do episódio Um Seguro Furado, de 1958, Grace permitiu ser creditada nos episódios. A atriz e dubladora continuaria providenciando a voz do pássaro por mais quatorze anos.

No Brasil

Luís Manuel

A TV Tupi, primeira emissora de televisão brasileira, foi a primeira emissora brasileira de televisão a exibir os desenhos do Pica-Pau - em 19 de setembro de 1950, um dia após a inauguração da emissora. As primeiras exibições eram feitas com os episódios em seu áudio original e legendados em português. As primeiras dublagens do pássaro no Brasil foram feitas pelo extinto estúdio Herbert Hichers, e depois na também extinta Dublasom Guanabara no início da década de 1960, tendo Luís Manuel como a voz do Pica-Pau. Pouquíssimos registros dessa dublagem restam, sendo possível achar na internet alguns trechos dos episódios O Afanador de Gasolina, Nascido para bicar , entre outros . O estúdio de dublagem AIC foi o segundo a fazer a dublagem do desenho no Brasil, notabilizando Olney Cazarré como dublador do Pica-Pau. A TV Tupi chegou a transmitir a transmitir o Pica-Pau dublado em português, durante a década de 1960. Já a dublagem da AIC foi exibida primeiramente na Record. A AIC continuou utilizando Cazarré como dublador principal em alguns desenhos dublados para fitas de Super-8, até que o estúdio faliu, fechou as portas e foi refundado sob o nome de BKS em 1975.

Olney Cazarré também foi ator, diretor e radialista.

O dublador do Pica-Pau nas primeiras dublagens da BKS foi Garcia Júnior, que tinha apenas 10 anos quando começou a emprestar sua voz ao pássaro. Olney Cazarré havia se afastado das dublagens após a abertura da BKS, então audições para uma nova voz do protagonista foram iniciadas. Impulsionado por seus pais Garcia Neto e Dolores Machado, que também eram dubladores e depois participaram das dublagens do Pica-Pau na BKS, Garcia Júnior participou dos testes mesmo sem perspectiva de ser aprovado, achando que seria brincadeira. Entretanto a voz aguda e quase feminina do dublador agradou os produtores da Universal, que acabaram escolhendo-o para ser o novo dublador do Pica-Pau. Garcia Júnior dublou os episódios mais antigos do desenho (décadas de 1940 e 50, e alguns dos anos 60) e deixou o papel em 1979, quando sua voz se tornou grave demais para o personagem. Olney Cazarré reassumiu a dublagem do Pica-Pau após isso.

Em 1981 o SBT adquiriu os direitos de exibição do desenho, mantendo-os até 2002; a emissora foi também a primeira a exibir o Novo Show do Pica-Pau na TV brasileira, a partir do ano 2000. A exibição do Pica-Pau em diversos horários no SBT ajudou a tornar o personagem conhecido e querido por várias gerações de crianças. A Rede Globo adquiriu o desenho em 2002 e começou a exibi-lo em versões remasterizadas dentro da TV Globinho até 2005, quando parou de ser exibido na emissora. A Rede Record então obteve mais uma vez os direitos de exibição, tanto do Pica-Pau clássico quanto do Novo Show do Pica-Pau, em 2006, e é desde então a única emissora brasileira a transmitir qualquer uma das duas versões do desenho, apesar de passar diversos períodos intercalados sem as exibir.

O Novo Show do Pica-Pau apresentava também curtas de outros personagens, como Winnie Pica-Pau e Picolino.

O Novo Show do Pica-Pau, criado em 1999, foi dublado em português a partir do ano 2000 pela Herbert Richers. Marco Antônio Costa providenciou a voz para o Pica-Pau, dando à nova encarnação do pássaro uma voz semelhante à clássica de Olney Cazarré. O desenho foi exibido primeiramente no SBT, passando depois pela Fox Kids, Jetix, Boomerang, Cartoon Network, Tooncast e Record.

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